O salário do professor
A primeira referência que se
tem noticia sobre o assunto vem do “subsídio literário”
Todo mês ao completar 30
dias em média, o trabalhador recebe um percentual em papel moeda, geralmente
depositado em sua conta bancária. A princípio, o valor corresponde a sua força
de trabalho em seu correspondente emprego.
O termo salário tem origem
no império romano, onde os soldados recebiam uma porção de sal, uma raridade na
época e que se podia trocar com outras coisas, como comida, vestimenta,
transporte, etc.
Todo salário hipoteticamente
está ligado à força de trabalho desenvolvido por essa ou aquela categoria, e
proporcionalmente pelo valor da riqueza produzida. Outro fator determinante do
valor salarial é a quantidade de profissionais existentes no mercado.
Um fiscal tributário recebe
X de salário por que tem no seu trabalho um ganho muito grande para a União,
Estado ou Município.
O médico por ter a vida e a
morte em suas mãos cobra valores extraordinários, se comparado à maioria da
população, que não chega a ganhar mais que mil reais mensais.
O delegado, promotor, juiz e
policiais de modo geral, têm regalias cada vez maiores, diante de uma sociedade
violenta e cada vez mais seus salários, benefícios diretos e indiretos sobem
igual a foguete, tudo em nome da segurança da sociedade.
E nós professores quanto
ganhamos? Qual a origem do nosso salário?
A primeira referência que se
tem noticia de salários para professores no Brasil vem do “subsídio literário”,
criado pelo alvará de 10 de novembro de 1772.
Nome chique não? Historiando
esse termo, ele foi criado a partir da Reforma Pombalina de 1759, quando da
expulsão dos jesuítas do Brasil e de todo reino português.
Esta ordem religiosa cuidava
da educação dos “curumins” abrasileirados e era uma educação essencialmente
religiosa.
A expulsão dos jesuítas
trouxe a educação laica, administrada pelo Estado Português. O ensino
compreendia os Estudos Maiores (universidade) e os Estudos Menores (cadeiras
das Humanidades e Cadeiras das primeiras letras). No Brasil o ensino na prática
ficou apenas na instrução das primeiras letras.
O Marquês de Pombal,
Sebastião José de Carvalho e Melo dentro do projeto iluminista do rei filósofo
D. Jose I, reorganizou a educação no reino português, e, portanto, também no
Brasil sob o controle estatal, ou aulas Régias.
Dois problemas advieram daí.
O primeiro era onde buscar mestres, não religiosos para tampar a lacuna dos
jesuítas. O outro problema era de ordem financeira. De onde viria o dinheiro
para pagar estes profissionais?
Resolveram as autoridades
criar um imposto sobre a produção da aguardente, do vinho e do vinagre. No
ultramar, ou seja, nas colônias o imposto seria cobrado da aguardente e da
carne.
Serviria esse imposto para
pagar os salários dos professores. O que vem logo na mente é pensar em qual
seria o valor pago ao professor na época? A arrecadação era muito alta? Quem se
habilitava a ser mestre na época? A arrecadação era suficiente para o pagamento
das despesas?
A realidade nua e crua ditou
a nossa sina desde então. A arrecadação era em parte subtraída e mandada para
Portugal para financiar a instrução de filhos da nobreza portuguesa.
Havia também a sonegação por
parte dos produtores coloniais. A educação era para pouquíssimas pessoas e o
professor aqui recebia por quartel, ou seja, a cada três meses.
O subsídio literário foi
cobrado até 1831, quando a Educação passou a ser incluída em um planejamento
administrativo e no orçamento público.
Durou o subsídio literário
todo o primeiro reinado, do governo de D. Pedro I.
PEDRO FÉLIX é professor de
História em Cuiabá.
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