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Décio Pignatari [Advogado,Poeta, Professor,Publicitário e Tradutor Brasileiro]

Décio Pignatari- (20 de agosto de 1927/São Paulo, 2 de dezembro de 2012) poeta, advogado, professor e publicitário.
Nascido em Jundiaí, SP, formado pela Faculdade de Direito da Universidade de SP.
 Aparece como poeta em fevereiro de 1949, nas páginas da Revista de Novíssimos, juntamente com Haroldo e Augusto de Campos, novamente com os mesmos na Revista Brasileira de Poesia, porta-voz da Geração de 45. 
Em 1950 estreou com O Carrossel, sob o patrocínio do Clube de Poesia de SP. 
Em 1951 rompe com a geração de 45.Em 1952 funda o Grupo Noigandres, juntamente com Haroldo e Augusto de Campos, entra em contato com os músicos e pintores abstratos do grupo Ruptura. 

Participa do lançamento da revista Noigandres, publicando o poema Rumo a Nausicaa. Em janeiro de 1954 leciona em Teresópolis o curso Raízes da Poesia Moderna, enfatizando as contribuições européias e americanas (Rimbaud, Laforgue, Corbière, Mallarmé, Joyce, Pound, Cummings) e colocando criticamente a situação da poesia brasileira. Entra em contato com Pierre Boulez. 
Parte para Europa, onde vive até 1956. Conhece vários músicos de vanguarda (Cage e outros). Vai a Ulm, na Höchschule Für Gestaltung), contatando Tomás Maldonado e o poeta Eugen Gombringer. 
Retorna ao Brasil, propõe a Gomringer adotar o nome "poesia concreta" para a designação dos novos trabalhos que estavam sendo feitos no Brasil pelos poetas concretos ( Gullar, Wlademir e Grupo Noigandres) e pelo mesmo (autor de Constellationen-1953 e do manifesto Do Verso à Constelação-1955). 

O poeta suíço-boliviano aceita tal designação em agosto de 1956. Com o grupo Noigandres, participa da Exposição Nacional de Poesia Concreta, no MAM-SP e MEC-USP. 
Faz conferência, juntamente com Oliveira Bastos, no MAM-USP, sobre a nova poesia, e, em fevereiro de 57, a propósito da edição carioca da exposição, fala na sede da UNE, em palestra que acirra o debate sobre a arte concreta. 
Em 57, publica artigos teóricos no Suplemento Dominical do J. do Brasil. Compõe Coca-Cola. 

Trabalha como redator publicitário e planejador de lay-outs. em 1958 publica poemas/cartazes em Noigandres n.4, assina o Plano-Piloto par poesia concreta. 
Publica em 1960, Organismo; colabora com a composição da página Invenção, do Correio Paulistano.
Em 61, apresenta a tese Situação Atual da Poesia no Brasil, no II Congresso Brasileiro de Crítica eHistória Literária de Assis (SP), na qual anunciou o "salto participante" da poesia Noigandres. 
Publica Antologia de Poemas e a sua tese no n.1 da revista Invenção, em 1962. Defende a formulaçào de Maiakóvski, "forma revolucionária para poesia revolucionária" na tese Notícia à Poesia Brasileira em Ação, apresentada no III Congresso Brasileiro de Crítica e Hsitória Literária na Paraíba. 
Torna-se professor da Escola Superior da Informação da Escola de Desenho Industrial no Rio, posteriormente da UnB (que deixou em 64). Em Brasília organiza a Escola de Publicidade da Faculdade de Comunicação. 
Nos anos 60 excerce várias atividades de comunicação, cronista de futebol da Folha de São Paulo, faz crítica política e de costumes num happening no João Sebastião Bar, funda o MARDA (Movimento de Arregimentação Radical em Defesa da Arte). Em 67 escreve "Teoria da Guerrilha Artística". 
Torna-se professor de Teoria Literária no curso de pós-graduação da PUC-SP; doutora-se, em 1973, sob orientação de Antonio Candido. Realiza em 93, trabalho de animação gráfica de seu poema "FEMME", com o LSI-USP. Estréia como ator no filme "Sábado", em 1995. 

Décio Pignatari publicou traduções de Dante Alighieri, Goethe e Shakespeare, entre outros, reunidas em Retrato do Amor quando Jovem (1990) e 231 poemas. Publicou se primeiro livro de poesias em 1950 ``Carossel``, o volume de contos O Rosto da Memória (1988) e o romance Panteros (1992), além de uma obra para o teatro, Céu de Lona.

Pignatari foi um dos principais nomes da poesia concreta, ao lado dos irmãos Haroldo (1929-2003) e Augusto de Campos, 81 com quem editou a revista "Noigandres", no anos 1950. Também com os irmãos Campos publicou "Teoria da Poesia Concreta", em 1965, "Mallarmagem", em 1971, e "Ezra Pound - Poesia", em 1983, entre outros.
"A importância dele não pode ser subestimada. Era uma das inteligências mais incisivas que este país já teve", disse Frederico Barbosa, 51, poeta e diretor da Casa das Rosas.
Em entrevista à Folha em 2007, quando completou 80 anos, Pignatari sintetizou sua trajetória numa de suas caras palavras-valise: "oitentação". Sobre o rompimento com o poeta Ferreira Gullar, que encabeçou o movimento neoconcreto e rompeu com o concretismo, disse que não guardava rancor pessoal. "Nós fomos inimigos íntimos, o Gullar e eu. Mas eu não briguei com ele pessoalmente. Eu brigo e depois dou risada, não quero saber de guardar rancor pessoal."

"Era uma pessoa muito talentosa e inteligente e também atuava na área do design. Deu uma boa contribuição tanto na poesia concreta, tanto no design", disse Gullar sobre Pignatari.

Para o poeta Heitor Ferraz, Pignatari "foi um dos marcos do concretismo brasileiro, que influenciou uma geração. Foi revelador das possibilidades da poesia."



"Sempre achei que ele tinha as poesias mais contundentes do concretismo. Ele já era um bom poeta antes mesmo do concretismo. Da minha experiência mais pessoal, sempre foi muito colaborativo, era piadista, agradável, contava histórias aos alunos", declarou o crítico Alcir Pécora.


"Pignatari era, na composição da tríade dos concretistas, o que tinha a verve mais pop, satírica. entre dois cartesianos, ele era uma espécie de equilíbrio. talvez o mais humano deles, o mais econômico, o menos ortodoxo", diz o escritor Joca Reiners Terron.

"Foi um artista admirável tanto pela combatividade quanto por sua inventividade. Fará muita falta", diz o artista plástico e poeta Nuno Ramos.


"Fala-se de tantos, quando somos tão poucos. Com a morte de Décio, diminui o número da qualidade entre nós. Ocioso lembrar seu livro de poemas 'Poesia Pois É Poesia', sua contribuição à teoria da comunicação, 'Informação, Linguagem e Comunicação', ultimamente sua participação no teatro, 'Céu de Lona'. Que esperar agora se não que o leitor saiba continuar a apreciá-lo?", diz o professor e crítico de literatura Luiz Costa Lima.



"Acabei de apresentar em Assis uma conferência em grande parte ligada a um texto do Décio de 51 anos atrás, 'A Situação Atual da Poesia Brasileira', em que eu destaquei sua importância na reformulação da poesia brasileira. Apesar das discordâncias, que expressei diretamente quando a ele quando estava vivo, eu gostava dele, ele era espontâneo, briguento e 'italianamente' polêmico", afirmou o poeta Affonso Romano de Sant'Anna.


"Tenho várias cartas dele, em uma delas, ele analisa meu poema 'Outubro', que começava dizendo 'outubro ou nada'. Infelizmente, as ilusões das gerações vanguardista e revolucionária da qual fizemos parte deram em nada", conclui Sant'Anna.



Fonte:
Revista de Cultura Vozes, LXXI, (1), 1977.

Décio Pignatari 
Todos os direitos autoprais reservaos ao autor.

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