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Erika Ribeiro [Poeta Brasileira]


“Certamente os meus escritos falarão melhor e mais verdadeiramente sobre mim. Sou a minha alma que se lança em tudo que faço.”

Erika Jane Ribeiro, natural de Uauá - Ba, cidadezinha do interior, mas com uma veia cultural e artística muito forte. Dizem que os vagalumes ou pirilampos (Uauá em Tupi) são os responsáveis por toda essa luz que lá paira. Tenho formação em Letras pela UPE/FFPP e em Direito pela UNEB, curso pós-graduação em Direito Penal e Processo Penal pelo Complexo Jurídico Damásio de Jesus.

Atualmente moro em Juazeiro - Ba, às margens do Rio São Francisco e trabalho como professora de Língua Portuguesa e oficineira de produção de textos na vizinha cidade de Petrolina –Pe.

Amante da literatura desde sempre, pois como minha mãe era professora, na minha casa havia muitos livros e eu os devorava mesmo quando ainda não sabia ler. Comecei a escrever poemas por volta dos 12 anos, em 2007 lancei, numa produção independente, o livro de poemas “Noites e Vagalumes”. Como foi uma tiragem pequena e também por ter apresentado alguns erros o livro não está mais à venda. Atualmente escrevo poemas e crônicas que são publicados no blog www.poesiaerikaribeiro.blogspot.com 

No momento, tenho um livro pronto “engavetado” e estou escrevendo um outro de memórias.


Algumas Poesias De Erika Ribeiro

Hospedaria

São tantas as mulheres
Que habitam meu corpo
Que já não mais me percebo.
Elas perambulam em minhas veredas,
Apossam-se dos meus desejos
E vão a desfilar mansamente
Sobre os meus dias e madrugadas.
As mulheres que moram em mim não se conhecem,
Jamais se encontraram.
E nuas estão...
Já não escondem suas identidades,
Suas formas disformes.
Seus instintos.
Essas mulheres...
Que malucas que são!
Vivem comigo tantos contrastes,
Cá estão;
A menina sapeca de olhos amendoados
E boca vermelha.
A prostituta fogosa, sensual que anseia por prazeres e delírios,
Como são lindos os seus olhos verdes...!
Sempre a buscarem...
Vivem por aqui também
Aquela mulher quieta, tímida
Que sempre se esconde,
Não conheço tua face!
Ah! E a moleca rebelde, ousada,
Chata e louca?
Esta me faz feliz!
Temo que se encontrem e me
Estraçalhem;
Temo que me rejeitem
Porque eu já não moro mais em mim.
( Do livro Noites e Vagalumes)


Descrição

E agora?
É caminho torto,
Desejo morto,
Lembrança tonta.
É passado fúnebre.
E agora?
Agora sim!
É vontade louca, é desejo bravo!
Olhar insano, sorriso ébrio.
É liberdade...
Sou eu, em busca de prazeres,
A correr pelas noites
E pelas aventuras das madrugadas!
Sou eu buscando o proibido,
Desejando o comprometido!
Agora sim!
É presente vivo,
É querer endoidecido, vontade repentina,
Loucura... e
Entrega desvairada.
Sou eu e os meus noturnos amores.
Amores sem nome, sem endereço,
Nem tédio!
Amores meus e teus!
Meus caminhos?
A noite os fará nascer!
Meus desejos?
As madrugadas os reinventarão!
Meu passado não me pertence!
Sou toda busca,
Sou todo encontro,
Completa fuga...
Sou tua amante,
Tua menina, tua mulher.
Eu?
Sou nada tua!
Sou unicamente minha.

(Do livro Noites e Vagalumes)


A chuva

Derramam os céus copiosas lágrimas
Que insistentes caem
Num compassar tão lânguido...
Banham as folhas com suave toque...
Divinal carícia.
E os homens, mecânicos seres,
Seguem murmurando,
Balbuciando códigos,
Tateando coisas numa desenfreada
Luta vã.
E as gotas caem,
Um comovente balé virginal,
Enquanto a plateia, tingida em cores de pecado capital,
Cerra os olhos para o belo espetáculo.
Encerra-se o pranto!
Não que a tristeza celeste tenha sido finda,
É que, tamanho fora o descaso da plateia,
Que já não há mais motivo para seguir-se
Ao show!
Divino espetáculo de lágrimas...
Necessária faxina da chuva...
E seguem os homens, rumando hipnóticos
Para lugar nenhum...


A traição

A mão que trai a mão
E o dedo com navalha corta;
O olho que trai o olho
E sinaliza o encontro escuro;
O lábio que trai os pensamentos
E joga ao vento juras infames;
As palavras que traem os sentidos
E fingem cândidos, os atos torpes banhados em melaço da dissimulação;
A insônia que trai o corpo
E rouba-lhe a paz noturna;
O fogo do desejo que trai promessas
Que a si próprias traem;
A chuva que trai a espera
E no sertão não cai;
A fotografia que do passado veio
E ao presente trai;
As rugas que daqui não eram
E, agora, aos que já eram, traem;
O menino em seu falar tão manso, andar brejeiro,
Aos sonhos tolos da menina trai;
Será que a si mesmo trai?
Se ao mestre, o discípulo traiu, por que não trairiam os homens
Às suas próprias palavras?


“Transportamos mudanças”

Mudo como mudam as flores,
Tal qual silenciam os homens,
Ou como quem gesticula atos.
Mudo como mudam as luas,
Como amordaçam as vozes,
Semelhante a quem finge toques.
Mudo!
Troco posições,
Reformo desejos; arranco-lhes uma gotinha
Extra de insanidade.
Mudo!
Alugo sorrisos,
Troco espera tola por amargos desenganos.
E mudo!
Silencio o pranto;
Decepo a língua de uma saudadezinha qualquer.
E calo!
Enrijeço perpetuamente corações.
Mudo?
Será que também ensurdeço, ou permaneço aqui
Por mais uma temporada?


Orgia Poética

Que bom ter as palavras,
Incitá-las...
De mansinho boliná-las
para quando já inquietas estiverem
despi-las totalmente,
saboreando a delícia da nudez.
Ah como é bom fazer amor com as palavras!
Revelar seus segredos camuflados em sinônimos,
vê-las entregarem-se sofregamente aos seus antônimos,
fantasiadas de homônimos e parônimos volúveis.
Como me faz bem possuí-las,
compartilhar de suas orgias,
dividir com elas a delícia
de tantos orgasmos...
Gozar seus encaixes lexicalmente coesos
para no final
maravilhar-me imensamente com a paridura

de mais um todo!


Dos Significados

Amor. O que será o amor?

Diz a gramática seca: É substantivo masculino abstrato! Não tem existência própria, necessita de quem o sinta. Enquanto que as figuras de linguagem replicam em metonímia: É ato sexual!

Noutro lado grita a psicologia: Forma de interação psicológica ou psicobiológica entre pessoas.

Os românticos, seres atemporais, murmuram entre notas musicais: O amor é o sentimento sublime que une pessoas eternamente.Na literatura não há quem dele não fale! Muitos morreram em nome desse sentimento, substantivo, processo interativo...
...
Eu não sei quem é o amor, o que é, como é... Agora não me interessa a ele ser apresentada, vivemos tanto tempo sem nos encontrarmos, não seria agora que nos desejaríamos. Creio na filosofia do Titãs: Não existe amor, não existe amor; somente provas de amor!


Erika Ribeiro
Todos os direitos autorais reservados ao autor

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